O Exército Republicano Irlandês, popularmente conhecido como IRA (siglas para Irish Republican Army), foi um dos mais ativos grupos terroristas do século XX. Sua atuação ficou marcada pela formação de grupos paramilitares que arquitetavam diversos atentados terroristas contra seu maior alvo: a Inglaterra. A oposição à nação inglesa era prioritariamente motivada pelo interesse de tornar a Irlanda do Norte uma região politicamente independente da Inglaterra.
Outra questão que motivava a ação deste grupo também tinha a ver com as diferenças religiosas encontradas no território norte-irlandês. A maioria da população – cerca de 60% – era praticante do cristianismo protestante e, por isso, acabava impondo seus costumes e interesses políticos em oposição a uma minoria de católicos. Com isso, parte dessa minoria religiosa viu no discurso nacionalista, militar e anti-britânico uma via de afirmação política.
Ao longo de sua trajetória, o IRA foi responsável por mais de 3500 mortes e manchou a famosa reputação diplomática inglesa com a resistência de seus integrantes. No ano de 2005, depois de uma série de tentativas de negociação, o IRA declarou o fim de sua “luta armada”. Entretanto, no final de 2007, um grupo que se intitulava parte integrante do movimento nacionalista irlandês tentou instalar uma bomba nas proximidades de um posto policial.
Em maio de 2008, um novo atentado à bomba ligado ao IRA feriu um policial. Esses dois episódios acabaram confundindo a opinião pública. Afinal de contas, o IRA acabou ou continua sendo uma ameaça latente? De fato, a grande maioria que engrossava as fileiras do movimento irlandês chegou à conclusão de que a via da luta armada não fazia mais sentido. Porém, a declaração de cessar fogo de 2005 acabou estabelecendo um “racha” que dividiu o IRA em três diferentes facções.
A primeira e a maior dessas facções é o chamado IRA Provisional. Entre 1969 e 1997, este grupo foi responsável por uma série de ações terroristas, focos de guerrilha e atentados ocorridos na Inglaterra e na própria Irlanda do Norte. Em seu auge, o IRA Provisional tornou-se a maior organização do continente europeu. No entanto, o início das negociações na década de 1990 desarticulou as ações de assalto do grupo provisional.
Os diálogos iniciais se deram entre os diversos grupos políticos norte-irlandeses e o governo do Reino Unido. Uma das mais expressivas vias de negociação foi estabelecida com o partido Sinn Fein, que representava politicamente as tendências separatistas irlandesas. No ano de 1996, grupos mais radicais negavam-se a reconhecer o esforço político britânico e, por isso, realizaram uma série de pequenos ataques. No ano seguinte, esse mesmo grupo fundou o chamado IRA Real.
O IRA Real (também conhecido como RIRA ou True IRA) estabeleceu um segundo momento de ruptura política interna dentro do movimento terrorista irlandês. No ano de 1986, disputas pelo controle político do Irish Republican Army deram origem a um grupo dissidente anterior chamado de O grupo da Continuidade (popularmente conhecido como CIRA). Os dois recentes atentados atribuídos ao IRA foram arquitetados por esses dois grupos de ruptura. De fato, o grupo “Real” e “da Continuidade” constituem uma pequena minoria que não acredita em uma resolução pacífica para o problema entre irlandeses e ingleses.
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